Nesta edição vamos continuar falando das dúvidas mais frequentes a respeito do Tarô.
Outra pergunta que já me foi feita muitas vezes é a respeito das cartas invertidas.
Alguns autores consideram que se uma carta sai de cabeça para baixo, ela vai ter um significado diferente do que teria se saísse na posição correta.
É claro que, para se levar isto em consideração, o baralho deve ser embaralhado de uma forma que permita que as cartas saiam invertidas.
Os que trabalham com a inversão podem ser divididos em dois grupos:
– os que consideram que a carta invertida tem um significado oposto ao significado usual do Arcano.
– os que consideram que a carta invertida fala de um potencial não expresso, não totalmente desenvolvido ou usado em excesso.
O primeiro grupo é totalmente sem sentido para mim, porque para se falar de significados opostos podemos contar com outros Arcanos. Por exemplo, alguns autores consideram que a Sacerdotisa invertida, um Arcano normalmente calado e misterioso, indicaria uma pessoa tagarela, que fala pelos cotovelos – para indicar uma pessoa assim, já temos a Imperatriz, no seu lado sombra. A Temperança invertida, normalmente um Arcano paciente, calmo, que espera o momento certo, mostraria alguém muito acelerado, que age sem pensar – já temos o Mago, no seu lado sombra, que apresenta este aspecto.
Já o segundo grupo, na minha opinião, representa uma forma aceitável de se falar dos Arcanos.
Uma Sacerdotisa invertida pode significar uma pessoa altamente intuitiva, mas que não confia na própria intuição e não se deixa guiar por ela ou uma pessoa excessiva calada, com uma dificuldade grande de expor suas idéias e percepções.
Uma Temperança invertida pode falar de alguém que espera tanto pelo momento certo que deixa passar as oportunidades ou abre mão da própria essência para não desagradar os outros ou criar desarmonia.
Eu não considero a inversão, embora durante algum tempo tenha feito isso, principalmente por causa dos Arcanos Menores que por terem um significado muito definido, no meu modo de ver, não funcionam bem com ela. Prefiro olhar os dois lados de cada Arcano. Por exemplo, se você tem um Diabo forte no seu jogo ele pode estar falando tanto de ganhar dinheiro, concretizar coisas, como de um momento de conflitos. Portanto, é preciso aproveitar o lado bom dele e tomar cuidado para evitar as dificuldades que um “pavio curto” pode trazer para a sua vida.
Não existe uma forma melhor de se jogar, cada um tem a sua maneira. Existem muitos autores que eu respeito muito que consideram a inversão, portanto a escolha é sua.
– Devemos ou não falar tudo que é visto numa consulta de Tarô?
Eu penso que tudo que aparece num jogo de Tarô deve ser dito, se não fosse para ser compartilhado não apareceria. O que é importante levar em conta é a forma como vamos falar do que é visto nas cartas.
Uma leitura de Tarô deve ser sempre construtiva, por exemplo, se é visto que a pessoa vai passar por uma situação material complicada isto pode ser colocado de duas formas:
– Ih! Estou vendo uma situação financeira horrível para você no futuro, coitada!!
Ou
– Agora é um momento de você tomar mais cuidado com o seu lado financeiro, estou vendo um período mais difícil pela frente e, é importante manter uma reserva para evitar que isto ocorra.
Você falou a mesma coisa mas, no primeiro caso a pessoa vai sair arrasada, e pode com isto atrair uma situação ainda pior do que viveria se nada fosse falado. Já no segundo caso, você está prevenindo a pessoa de uma situação que tem possibilidades de acontecer no futuro e indicando uma forma de evitar que isto aconteça.
Eu não acredito em determinismo, o Tarô fala de possibilidades e vamos trabalhar a favor, ou contra, conforme queiramos, ou não, que aquilo se concretize. Acredito que tudo que aparece pode ser modificado se você agir de uma forma construtiva; vejo as cartas difíceis como alertas de situações que podem ser evitadas.
Quem procura o Tarô está querendo se conhecer melhor, saber a melhor opção para uma determinada situação ou passando por momentos difíceis.
Muitas vezes atendemos pessoas que chegam muito fragilizadas e machucadas e por isto é tão importante saber como falar.
Por outro lado temos uma responsabilidade com os Mestres e Guias que nos inspiram na leitura e com a nossa própria consciência, por isto é indispensável falar o que vemos e não o que gostaríamos de ver.
Na minha experiência com o atendimento, percebi que a pessoa está preparada para tudo que aparece nas leituras por que se assim não fosse aquilo não apareceria.
Confie que você está sendo ajudado e inspirado por seus Guias e Mestres, e faça a leitura com a intenção sincera de ser um canal de ajuda e inspiração para o seu cliente.
Anna Maria de La Rocque Ormonde