Hoje vamos falar do Arcano 13, A Morte. É um dos Arcanos mais mal vistos do Tarô, normalmente as pessoas se assustam quando o encontram nos jogos, e não é por acaso que o 13 é considerado um número de azar pela maior parte das pessoas.
Tudo isso é bobagem, a Morte fala das profundas transformações que experimentamos ao longo da nossa caminhada. Todos nós vivenciamos inúmeras mortes durante a vida, e se não fosse assim, estaríamos condenados à estagnação e aniquilamento. Sem a morte da criança, o adulto não poderia viver, sem a morte da donzela, a mãe não poderia aparecer.
Na Natureza, nada é perdido, nenhum grão, nenhuma partícula, por menor que seja é desperdiçada, tudo é transformado e aproveitado. O que é hoje semente, amanhã é planta, em seguida adubo e depois uma outra planta.
O mesmo ocorre conosco, vivemos processos intensos de transformação onde tudo é aproveitado. Vivências aparentemente inúteis, sentimentos desprezados, dor, alegria, amor…tudo isto foi transformado naquilo que somos agora, tudo, mas tudo mesmo, entrou no processo. Somos o que somos pelo somatório de experiências, sentimentos, pensamentos e realizações que vivenciamos. Se em algum momento do passado não tivéssemos vivido alguma coisa ou deixado de sentir alguma emoção, não seríamos exatamente o que somos agora.
Da mesma forma que na Natureza nada se perde, na nossa vida, tudo é aproveitado, transformado e reciclado. Somos um processo em constante transformação, somos uma mudança em andamento. Por isso é importante não chorar pelo que passou, não se arrepender pelo que viveu ou pelo que deixou de viver, porque tudo é parte do que somos, tudo foi, de alguma forma transformado na pessoa que existe agora.
Estamos sempre aprendendo alguma coisa, crescendo em algum sentido, matando alguma coisa em nós para que um novo ser possa nascer.
Mas, apesar do processo constante de transformação que vivenciamos, temos muito medo das mudanças e estamos constantemente tentando nos apegar a comportamentos, sentimentos ou crenças que não combinam mais com a pessoa que somos. Em vez de temer as muitas mortes que enfrentamos na vida, vamos abraçá-las e acolhê-las, como parte do processo de abandonarmos o que somos, em função de tudo de bom que podemos vir a ser.
Anna Maria de La Rocque Ormonde